domingo, 24 de maio de 2009

Recuerdos de una vida

Buenos Aires. Décima terceira lua de mel. Restaurante Camino, nove e dez da noite. Ela esperava sentada na mesa do canto que dava para ver a rua movimentada. Tinha o mesmo ar romatico e delicado de há vinte anos atrás. Continuava linda como sempre. Cheguei atrasado mas tinha comprado flores. Ela nem reclamou. Beijei-a carinhosamente. Ela ainda tinha a mesma mania de tocar o meu rosto suavemente, passeando o dedo pelos meus olhos, nariz e boca. Pedi um vinho que ela também bebeu. Um brinde. Um sorriso. Falamos das nossas recordações juvenis como troféus de um romance que deu certo. Casamos em oitenta e nove. Éramos loucos apaixonados dos anos oitenta. Loucos e Apaixonados como hoje. Ela sempre teve o dom de me enlouquecer e eu sempre fui facilmente hipnotizado por aquela mulher. Tinhamos fogo no olhar de cúmplices, fogo no desejo, fogo até nas brigas. Vinte anos de casados e vinte e poucos momentos de tensão. Nada é perfeito e ela, apesar de parecer, também não é. Mas na verdade, eu nunca me importei com as brigas. Dava sempre certo no fim, na cama. Fomos felizes na loucura e na razão. Construimos e reconstruímos a nossa felicidade. Em cada tempo, um nome diferente para ela. O segredo estava no laço das nossas mãos e do nosso coração. Soubemos aceitar o tempo passar. De mãos dadas enfrentamos os desafios de quem começa a vida. De mãos dadas vivemos! Soubemos amar com mais vontade para que a paixão nunca deixasse de ser o nosso combustível. Soubemos sonhar sempre sonhos novos para que a vida não perdesse a graça. Vintes anos felizes, comemorados no mesmo restaurante da nossa primeira vez.