quarta-feira, 24 de novembro de 2010

RE-AMAR

“Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou (…). Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia (…). Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar. “

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vamos nos permitir

” Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica. Por isso, faço a minha sorte. Sou fiel ao que sinto. Aceito feliz quem eu sou. Não acho graça em quem não acha graça. Acho chato quem não se contradiz. Às vezes desejo mal. Sou humana. Sou quase normal. Não ligo se gostarem de mim em partes. Mas desejo que eu me aceite por inteiro. Não sou perfeita, não sou previsível. Sou uma louca. Admiro grandes qualidades. Mas gosto mesmo dos pequenos defeitos. São eles que nos fazem grande. Que nos fazem fortes. Que nos fazem acordar. Acho bonito quem tem orgulho de ser gente. Porque não é nada fácil, eu sei. Por isso continuo princesa. Continuo guerreira. Continuo na lua. Continuo na luta. No meio do caos que anda o mundo, ACEITAR É SER FELIZ “

Vamos viver tudo o que há para viver. Vamos nos permitir!

sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre Amizade

Adiei pensando que saberia como começar. Não sei. Nem vou aprender. Falar de coisas como essa me deixa sempre sem palavras. Deve ser porque acho sempre pouco. Há coisas que nos transcedem. Uma delas é esse sentimento arrebatador, forte, verdadeiro, divino, eu diria. Um sentimento meio cúmplice, meio preocupado demais. Um pouco misterioso, um pouco acolhedor, um pouco mágico, um pouco simples. Ora essa! Palavras para quê? Qualquer definição poética fica aquém. Qualquer "eu te amo" gritado, escancarado, arremessado, riscado, rabiscado, lançado ao vento, continua sendo quase nada perto de tudo isso. É qualquer coisa que nos faz sentir importantes. Uma sensação bem real e bem gostosa de que somos todos uma única família. Nos faz acreditar que o amor é capaz de dominar o mundo, que a simplicidade e a sinceridade são capazes de conquistar até o iceberg mais gelado do Universo. É um calor que oriunda do coração e escorre por palavras de carinho, gestos, atitudes e conversas... Do que estou eu a falar afinal? Acho que posso usar a definição corriqueira, embora não acredite que todos saibam verdadeiramente o que é sentir essa ligação. Confesso: falo de amizade, meus caros! Aquela que a gente faz e parece que vamos ter para sempre, uma bengala forte onde se apoiar. Aquela que a gente conquista e exibe como o melhor troféu de todos os campeonatos. Aquela que a gente divide, com quem a gente conta e para quem a gente conta todos os pecados e virtudes. Aquela com quem a gente sofre junto, chora, grita, comemora. Aquela que a gente ama mesmo quando deixa de aparecer nos nossos dias. E inventa outras formas de cuidar quando não está perto. Amizade verdadeira é o espelho do céu. É a forma mais bonita e mais criativa que Deus criou de estar perto. Amizade verdadeira enche a alma de esperança, de força, de coragem. E enche a vida de cor. Amizade verdadeira nem precisa de tempo para nascer. Porque na verdade, ela sempre existiu.
"A gente não faz amigos. Reconhece-os"

Em homenagem á minha Carol, o meu mais novo espelho do céu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Até já

“Não poderia desembaraçar-me de algo que não possuo, que não fiz, nem vivi. Uma liberação real só é possível se fiz o que poderia fazer, se me entreguei totalmente a isso ou se tomei totalmente parte nisso. Se me furtar a essa participação, amputarei de algum modo a parte de minha alma que a isso corresponde. O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera. Elas se mudam para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá sua casa sem que ele perceba. Se abandonarmos, deixarmos de lado, e de algum modo esquecermo-nos excessivamente de algo, correremos o risco de vê-lo reaparecer com uma violência redobrada”.
C. G. Jung


P.s. Daqui a pouco e com um pouco mais de tempo, escrevo sobre a visita da Carol e sobre um sentimento que acabo de batizar de: amizade instantaneamente verdadeira. Até já.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Descobri. E agora?

O meu coração é pequeno para tudo o que sinto, para o que sou na maior parte das vezes. É pequeno para caber tudo o que é me dado. Meu coração é pequeno e é por isso que transbordo. Todos os sentimentos e emoções que não cabem arrumadinhas dentro dele, saem e espalham-se. Tranformam-se em cartas que escrevo, poesias que invento, palavras que jogo na cara, na minha e na dos outros. Querem transformar-se em alguma coisa para fora. Em serviço, em doação, em amor gratuito. Porque é demais só para mim e preciso partilhar. Dar á todos, dar aos que amo e dar também á qualquer um. O meu coração é pequeno para tanto e é por isso que transbordo. Sou uma ebulição de sentimentos, todos verdadeiros, todos doloridamente intensos, todos com um pouco de mim e um pouco de imensidão. Descobri agora a minha transparência, a minha urgência em dizer e fazer. Descobri agora o motivo da minha intensidade, da minha falta de contensão, e daquilo que chamam loucura. Descobri agora o porquê da minha vontade de saltar no escuro, voar para o desconhecido, entregar a alma. Descobri o que me leva a ser tão confiante e tão inconsequente ás vezes: meu coração. O meu coração não cabe só dentro de mim. O meu coração é o mundo inteiro. O mundo que cabe no meu abraço, o mundo onde chego e onde quero chegar.

"Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração."

domingo, 17 de outubro de 2010

O tigre e a neve

Esse texto não pretende ter nenhum caráter crítico, até porque não saberia escrever uma crítica á altura e seria comprometedor demais falar de forma leviana sobre o filme.

Desprentesiosamente, partilho a minha opinião: é uma história fantástica, inspiradora, romântica, leve. Fala da vida, do amor, da guerra e da fé de uma maneira muito subtil e genuína. Conta-nos uma história de amor (muito diferente dos clichês habituais, com uma pitada de loucura e confusão) entre Attilio, poeta e professor universitário, e Victória, uma escritora que viaja para Bagdá durante a guerra entre os EUA e o Iraque.
Attilio pode parecer uma figura meio patética em algumas cenas, mas tornou-se uma inspiração para mim. Um homem louco, intenso, apaixonado e simples. Com alma de poeta, um sotaque irresistível e muita vontade de viver.
Essa semana, acordei num dia chuvoso e frio, com olheiras e sono, mil coisas marcadas na agenda e sem vontade nenhuma de levantar da cama. Sem querer, me lembrei dele e da cena do filme que partilho aqui em baixo.



Acho que é disso que precisamos: paixão! Viver a vida com amor, com poesia. Fazer da vida uma poesia. Nos encantarmos por coisas simples. Lutar pelo que acreditamos. Acreditar nos sonhos, acreditar em sonhos grandes! Precisamos ser feliz. Precisamos ser feliz para tudo, até para estar triste. E pensando bem, a vida não passa disso mesmo: a procura e o encontro com a felicidade.

P.s. Peço desculpa por não ter legenda, mas não encontrei a versão legendada. Fica aqui algumas notas de tradução das mensagens mais importantes:

"Apaixonem-se! Se não nos apaixonamos, fica tudo morto!"
"Espalha alegria. Mas se tiveres triste, que seja com exuberância."
"Para transmitir felicidade, é preciso ser feliz. Para transmitir dor, é preciso ser feliz. Não se preocupem com o sofrimento, todo mundo sofre! [...]"

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O menino da livraria

Trocaram olhares enquanto ela descia as escadas para uma espécie de subsolo da casa. Era uma mulher normal, bonita como qualquer mulher. Estava usando um vestido preto e salto alto. Camila, o nome dela. Rodrigo usava uma calça jeans velha e uma camisa preta. Estava arrumando a prateleira e ouvia uma música estranha. Ela tinha o hábito de visitar livrarias mas aquela vez tinha sido conscidência. Ia a caminho de uma confeitaria para encontrar uma amiga. Distraiu-se no volante e foi parar ali, numa rua sem saída. Aproveitou o engano para parar o carro e ir espreitar. Ele estava meio entediado com aquela sexta-feira chuvosa e vazia. Tinha um olhar penetrante, um ar intelectual, misterioso. Ela sempre achou os meninos das livrarias interessantes. E ele gostava de loiras que lessem Dostóiesvki. Trocaram olhares pela segunda vez. Estavam sozinhos. Para além deles, apenas os personagens de Saramago e os heterónimos de Pessoa. O lugar era acolhededor, tinha cheiro de livro novo misturado a um perfume qualquer. Enquanto ela folheava os destaques: romances e best-sellers fora de moda, ele mudou a música, criou coragem e ofereceu ajuda. Ela sorriu e disse que procurava obras de Inês Pedrosa. Enquanto procuravam, ficavam amigos. Até descobriram gostos parecidos, em menos de quinze minutos. Não havia o livro que ela queria, mas ele mostrou outros poetas. Disse que encomendava o livro para ela ir buscá-lo outro dia. Camila deixou nome e telefone e aaiu com pressa, sem comprar nada. Rodrigo ficou com a sensação que tinha encontrado quem procurava.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Martha Medeiros


Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento. [...]
Como é fácil libertar alguém de seus fantasmas e, libertando-o, abrir uma possibilidade de tê-lo de volta, mais inteiro. Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é esse tipo de nudez que nos atrai. Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente, se sabe. Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados. Tão banal, não? E no entanto essa banalidade é fomentadora das maiores carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras. Porque a dificuldade de dizer para alguém o quanto ela é - ou foi - importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente. A maioria das relações - entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos - se ampara em mentiras parciais e verdades pela metade. Pode-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentes, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem ter a delicadeza de fazer a aguardada declaração que daria ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade. [...] Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdôo", "eu te compreendo", "eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" - não o "eu te amo" dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o "eu te amo" que significa: "Seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo". Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.

Martha Medeiros, do livro "Doidas e Santas"

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Para quem não gosta do que faz...


Á minha volta, cinco mesas, cinco homens de negócios. Na minha mesa, uma pilha de papéis com estatísticas, gráficos, análises macroecónomicas. Eu juro que estava a adorar o meu monte de números. Estava, até perceber que não ia conseguir despachá-los tão rapidamente quanto gostaria. O mercado de trabalho é duro. O mercado dos estagiários, se existisse tal terminologia, é ainda pior. Além de trabalhar mais, a conta bancária não vê cifrões (no caso, euros) no fim do mês. Então, aonde buscar a motivação quando não se gosta do que se faz?

Cada vez que me conheço melhor, me assuto mais com a minha necessidade em apaixonar-me pelas coisas que me envolvem. Sinto que isso faz toda a diferença quando a questão é dar tudo e fazer o meu melhor. Mas quando isso não é possível (e ás vezes, não é mesmo!) tento encontrar, insistentemente, o lado bom da situação. E caso não haja, há, pelo menos, qualquer coisa cómica para contar. (Por exemplo, é cómico chegar segunda-feira no escritório e falar sobre futebol com os colegas de trabalho, porque é o único assunto com o qual se pode manter uma conversa. Mesmo quando não se entende nada sobre futebol.)
A teoria da relatividade também tem me ajudado. Afinal, é tudo uma questão de "olhos", olhar e ver que nada é definitivo, nada é totalmente desesperante e absolutamente nada é capaz de me fazer parar! (E agora, como plano de fundo começa a música "é melhor ser alegre que ser triste..." cantada pela voz do meu pai, batucando na mesa da cozinha e repetindo a mesma frase durante a música toda. Dá até para me sentir motivada com isso!)

Nesse momento da minha vida, a minha motivação prende-se no futuro, o que não torna as coisas mais leves, por incrível que pareça. Continuo fazendo contas, mesmo quando não se trata do trabalho. Conto as horas, os dias e os meses que faltam para os meus dias melhores. Daqui a dois meses, me despeço da empresa. Daqui a oito meses, me despeço da faculdade e... haverá ainda outra despedida.

P.s. Se isso fosse um diário (ainda bem que não é, exatamente!) acreditem que eu não escolheria tão bem as palavras e as frases para manifestar insastifação momentânea.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Inverno na vida

Menos sete graus na temperatura habitual. A chuva bate forte na janela, o vento canta sozinho do lado de fora, chamando a atenção. Casacos e guardas-chuva voltam para o armário do dia-a-dia. O céu transforma-se em cinza, as nuvens encobrem os pássaros e a arquitectura histórica da cidade (do Porto, nesse caso) ganha uma beleza diferente.
Acabaram-se os dias de sol, não se sabe quando vão voltar. Já não tem a mesma graça passear á beira-mar. A Foz do Douro quase perde o seu encanto. Troca-se as ruas pelo aconchegante sofá de casa. Os encontros de verão e as viagens à Costa, pelo estudo intensivo ou no máximo, por filmes clássicos debaixo do cobertor. É a altura certa para se deixar embalar por Bob Dylan, Zeppelin ou até Pink Floyd. É a altura certa para hibernar o pensamento em longas conclusões sobre a vida, sobre o futuro, sobre coisas sérias que ninguém gosta de dar muita importância, inclusive eu.
Acho que o inverno existe na vida interior também. Um tempo mais calmo e ao mesmo tempo mais propicio à grandes mudanças. O que pode ser consolador ou uma verdadeira avalanche. Pessoalmente o que sinto é que aproxima-se uma grande revolução! O meu inverno interior será intenso, cheio de decisões, de planos e de emoções á mistura. Se eu não fosse eu, diria que o que importa agora é manter a cabeça ocupada, focada e sem espaço para grandes desvios. No fundo, acho que seria a melhor opção: segurar tudo num limite exacto de controlo e objectividade. Mas... e se eu quiser me deixar transformar num campo de batalha onde caibam toda a minha loucura e seriedade?

sábado, 2 de outubro de 2010

Nota da emoção

Sentia o coração pular no peito. As pernas tremeram, as mãos suaram. Sem sentir, uma lágrima discreta escorregou pelo rosto. Do lado de dentro, um vazio gigante chamado saudade. Do lado de fora, o ipod tocava as mesmas músicas e o colo do irmão curaria quase tudo. Sem encontrar nenhum motivo que justificasse tal ilusão, deixou-se estar. Vuou, voltou. Vuou e voltou. Vuou de novo e há de ser sempre assim. Solenidade e risco. Sereno e fogo. Passado e futuro. Coração e razão. Maturidade e sonho. E um limite térnue que vai do sentimento á realidade, e ao sentimento verdadeiro que já não existe.

Um dia há se ser só poesia, como diria o senhor da Viola, é assim que o samba vem, carregado de saudade e emoção.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre Jazz

Entre as minhas muitas tentativas de aproximar os meus números á arte, esta semana resolvi poupar algum tempo de sono para ouvir jazz num "jam sessions" que descobri lá no fim da minha rua e adorei. É algo que me inspira, me enche a alma de boemia. É simples e é na simplicidade que se torna deliciosamente num plano de fundo para a vida.
Não sou uma entendida no assunto, que me desculpe Davis, Coltrane ou Parker. Não discuto estilos, não entendo nada de arranjos ou tons ou melodias cuidadosamente compostas para impressionar os leigos. O que o jazz me dá é só sentimento, coisa de dentro, poesia, imaginação, sonho. É um embalar que me leva de volta para o futuro, para o passado e para outro lugar qualquer que não este.
Fico a imaginar os anos 60, 70 em Chicago, Manhatan ou mais tarde, o Rio de Janeiro com a bossa de Jobim e Edgberto. Dá vontade de sentar na varanda, de frente para a cidade adormecida, beber um chá, um vinho ou cerveja mesmo, deixar a música rolar, deixar o coração bater e o futuro chegar.

domingo, 26 de setembro de 2010

Não sei economizar

Há fases na vida da gente em que a estabilidade não interessa. Queremos correr riscos. Eu acho que sempre estive na fase dos riscos. Tudo bem, isso é coisa de personalidade, mais activa, menos activa, mais positiva ou menos, intensidade ou calma. Tanto faz. Se a psicologia puder explicar, facilita a propagação da minha teoria. Mas se não puder, não faz diferença. Pode até ter a ver com o sangue brasileiro nas minhas veias, ou com a minha profissão dinâmica vinte-e-quatro-horas-por-dia. Pode ter a ver com as minhas crenças, objectivos, ideais. Não sei de que forma tudo isso está ligado, o que sei é que o que me empurra na vida, são os desafios! E desafio nem sempre é coisa grande. Aliás, na maior parte das vezes, os desafios mais difíceis são os pequeninos.
Ahhh... Querem mesmo saber? Acho uma estupidez ficar ecomizando! Economia só serve para as contas financeiras. Quando se trata da vida pessoal, é uma perda de tempo! Partindo do princípio que tudo nos é dado e portanto nada é verdadeiramente nosso, para quê poupar sentimentos, carinho, atenção, alegria? Onde é que está escrito que não é educado, gritar para o outro lado da rua: "Ei amigo, estás bonito hoje!", ou então admitir sem rodeios: "Eu gosto muito de ti. Te acho o máximo!" Porque é que algumas pessoas acham que ter classe, ter controlo e poder sobre as coisas da vida é manter uma postura erecta, sem se comprometerem demasiado, dando apenas um pouco de simpatia, um pouco disso e daquilo, e um pouco de nada que entregue realmente o que vai na alma?
Ahhh... acho uma estúpidez essa etiqueta toda. Se o coração fosse feito para se enconder, para bater ritmadamente e sem muitas alterações, teríamos o cérebro no lugar dos olhos. E um protocolo de regras e comportamentos para todas as relações. Seria quase como uma linha de montagem, onde os custos são calculados previamente sem hipótese de alterações ou perdas, e o resultado final é sempre o mesmo.
Não sei porque perdemos tanto tempo controlando-nos. Na minha opinião, é uma bobagem! Prefiro deixar a alma exposta do que ter a sensação que não dei tudo, não disse tudo, não fiz tudo. Prefiro ter o coração ansioso, expectante e alegremente são, do que ter uma vida morna, onde tudo está minuciosamente sob controlo, etiquetado e justificado. Acho verdadeiramente sem-graça uma vida de poupanças.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amanhã

Hoje acordei com uma esperança incrivelmente boa e grande de que o futuro pode ser maravilhosamente melhor e surpreendente! E ele - o futuro - está quase a chegar.
Quis registar para que se fugisse a sensação, ficasse a certeza.


"Qualquer amor -até aqueles que a gente inventa- merece nossa total indulgência, porque quem costuma estragar tudo, caríssimos, somos nós."

Carolina em_os sonhos de amanhã.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Martha Medeiros

' Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e também dúvidas mirins [...] Em tempos em que ninguém mais se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhes diz respeito, só mesmo agradecendo àquelas que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco de sua energia conosco, insistindo.'

Em homenagem a Thiago Kuerques, aquele que continua e continuará insistindo em mim!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desaperta coração

Há uma sensação engraçada que por vezes sinto desapontar no cantinho do coração - controlado sob altas doses de maturidade - que é qualquer coisa como um não pertencer, que ora briga com a liberdade por não ser livre e ora briga com a calma por não ser seguro nem firme.
É qualquer coisa que eu poderia chamar de crescimento. Disfarça as cicatrizes da luta. Justifica os caminhos para a felicidade. Assume o comando nos dias mais tristes tentando convencer-me de que viver não é mais como antigamente. É qualquer coisa que faz voar o pensamento para longe. Tenta recuperar as marcas pelo caminho. E cria planos para o futuro para fazer-me viver o presente com objectividade. É quase como não ter. Não ter raízes presas, nem amarras físicas, nem certezas de quase nada. É qualquer coisa que eu poderia chamar de subjectivo se não fosse tão claro na maior parte das vezes. E até poderia chamar de liberdade se não fosse tão egoísta. Poderia também chamar de solidão se não visse de cada vez, quem caminha comigo. Poderia chamar de saudade, e não seria mentira. Mas essa já roubou o protagonismo tantas vezes que prefiro não pensar em sentimentalidades. No fundo, o que faz apertar o coração de vez em quando é qualquer vontade grande de ser maior e ir mais longe e mudar constantemente a rota. Não por insastifação! Talvez por perfeccionismo, ambição ou amor a mais.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Saudades do Rio



Este vídeo retrata bem a minha saudade. Além de ser um dos melhores sopt's publicitarios que já vi, fala do meu Rio de Janeiro de uma maneira tão encantadora como ele merece.
Nesta altura, a saudade bate mais forte que sempre. Lembro-me dos fins de tarde cinematográficos, da galera reunida no fim de semana, do samba, do som, da brisa do mar, do sorriso da criançada... Isso para não falar no carnaval, que fica pesado demais pro meu coração... Ohh saudadee do meu Rio.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Esperança no Recomeço

Esta altura do ano dá-me muito o que pensar. Primeiro a retrospectiva do ano que acaba, a superação dos momentos dificeis, a gratidão dos momentos felizes, o cansaço e a alegria de um quotidiano normal. Depois, penso nos planos para o ano que chega. Uma tela branca onde tenho a oportunidade de colorir de muitas formas. Uma caixa cheia de surpresas e cheia de espaço vazio para eu ocupar, preencher com o meu melhor. O ínicio de um novo ano traz a sensação de uma esperança incondicional de que tudo será incrivelmente melhor. Uma esperança forte e confiada que eu desejava sentir todos os dias. O que eu realmente espero para 2010, além de todos os meus desejos mais sinceros, é a capacidade de fazer de cada novo dia, um recomeço. Recomeçar com esperança em dias melhores.

Feliz Recomeço. Feliz 2010!