quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre Jazz

Entre as minhas muitas tentativas de aproximar os meus números á arte, esta semana resolvi poupar algum tempo de sono para ouvir jazz num "jam sessions" que descobri lá no fim da minha rua e adorei. É algo que me inspira, me enche a alma de boemia. É simples e é na simplicidade que se torna deliciosamente num plano de fundo para a vida.
Não sou uma entendida no assunto, que me desculpe Davis, Coltrane ou Parker. Não discuto estilos, não entendo nada de arranjos ou tons ou melodias cuidadosamente compostas para impressionar os leigos. O que o jazz me dá é só sentimento, coisa de dentro, poesia, imaginação, sonho. É um embalar que me leva de volta para o futuro, para o passado e para outro lugar qualquer que não este.
Fico a imaginar os anos 60, 70 em Chicago, Manhatan ou mais tarde, o Rio de Janeiro com a bossa de Jobim e Edgberto. Dá vontade de sentar na varanda, de frente para a cidade adormecida, beber um chá, um vinho ou cerveja mesmo, deixar a música rolar, deixar o coração bater e o futuro chegar.

domingo, 26 de setembro de 2010

Não sei economizar

Há fases na vida da gente em que a estabilidade não interessa. Queremos correr riscos. Eu acho que sempre estive na fase dos riscos. Tudo bem, isso é coisa de personalidade, mais activa, menos activa, mais positiva ou menos, intensidade ou calma. Tanto faz. Se a psicologia puder explicar, facilita a propagação da minha teoria. Mas se não puder, não faz diferença. Pode até ter a ver com o sangue brasileiro nas minhas veias, ou com a minha profissão dinâmica vinte-e-quatro-horas-por-dia. Pode ter a ver com as minhas crenças, objectivos, ideais. Não sei de que forma tudo isso está ligado, o que sei é que o que me empurra na vida, são os desafios! E desafio nem sempre é coisa grande. Aliás, na maior parte das vezes, os desafios mais difíceis são os pequeninos.
Ahhh... Querem mesmo saber? Acho uma estupidez ficar ecomizando! Economia só serve para as contas financeiras. Quando se trata da vida pessoal, é uma perda de tempo! Partindo do princípio que tudo nos é dado e portanto nada é verdadeiramente nosso, para quê poupar sentimentos, carinho, atenção, alegria? Onde é que está escrito que não é educado, gritar para o outro lado da rua: "Ei amigo, estás bonito hoje!", ou então admitir sem rodeios: "Eu gosto muito de ti. Te acho o máximo!" Porque é que algumas pessoas acham que ter classe, ter controlo e poder sobre as coisas da vida é manter uma postura erecta, sem se comprometerem demasiado, dando apenas um pouco de simpatia, um pouco disso e daquilo, e um pouco de nada que entregue realmente o que vai na alma?
Ahhh... acho uma estúpidez essa etiqueta toda. Se o coração fosse feito para se enconder, para bater ritmadamente e sem muitas alterações, teríamos o cérebro no lugar dos olhos. E um protocolo de regras e comportamentos para todas as relações. Seria quase como uma linha de montagem, onde os custos são calculados previamente sem hipótese de alterações ou perdas, e o resultado final é sempre o mesmo.
Não sei porque perdemos tanto tempo controlando-nos. Na minha opinião, é uma bobagem! Prefiro deixar a alma exposta do que ter a sensação que não dei tudo, não disse tudo, não fiz tudo. Prefiro ter o coração ansioso, expectante e alegremente são, do que ter uma vida morna, onde tudo está minuciosamente sob controlo, etiquetado e justificado. Acho verdadeiramente sem-graça uma vida de poupanças.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amanhã

Hoje acordei com uma esperança incrivelmente boa e grande de que o futuro pode ser maravilhosamente melhor e surpreendente! E ele - o futuro - está quase a chegar.
Quis registar para que se fugisse a sensação, ficasse a certeza.


"Qualquer amor -até aqueles que a gente inventa- merece nossa total indulgência, porque quem costuma estragar tudo, caríssimos, somos nós."

Carolina em_os sonhos de amanhã.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Martha Medeiros

' Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e também dúvidas mirins [...] Em tempos em que ninguém mais se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhes diz respeito, só mesmo agradecendo àquelas que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco de sua energia conosco, insistindo.'

Em homenagem a Thiago Kuerques, aquele que continua e continuará insistindo em mim!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desaperta coração

Há uma sensação engraçada que por vezes sinto desapontar no cantinho do coração - controlado sob altas doses de maturidade - que é qualquer coisa como um não pertencer, que ora briga com a liberdade por não ser livre e ora briga com a calma por não ser seguro nem firme.
É qualquer coisa que eu poderia chamar de crescimento. Disfarça as cicatrizes da luta. Justifica os caminhos para a felicidade. Assume o comando nos dias mais tristes tentando convencer-me de que viver não é mais como antigamente. É qualquer coisa que faz voar o pensamento para longe. Tenta recuperar as marcas pelo caminho. E cria planos para o futuro para fazer-me viver o presente com objectividade. É quase como não ter. Não ter raízes presas, nem amarras físicas, nem certezas de quase nada. É qualquer coisa que eu poderia chamar de subjectivo se não fosse tão claro na maior parte das vezes. E até poderia chamar de liberdade se não fosse tão egoísta. Poderia também chamar de solidão se não visse de cada vez, quem caminha comigo. Poderia chamar de saudade, e não seria mentira. Mas essa já roubou o protagonismo tantas vezes que prefiro não pensar em sentimentalidades. No fundo, o que faz apertar o coração de vez em quando é qualquer vontade grande de ser maior e ir mais longe e mudar constantemente a rota. Não por insastifação! Talvez por perfeccionismo, ambição ou amor a mais.