terça-feira, 2 de junho de 2009

O menino da Varanda

Qualquer coisa dizia que aquela não seria a última vez, disse ele quando me contava a linda história que eu via passar nos seus olhos. Sempre foi um sonhador. Daqueles homens que exibem o cabelo branco com orgulho, alegria e até uma certa ousadia. O vovô tinha tudo isso e muito mais. Carismático. Encantador, diria ela. Homem com H maiúsculo, voz de macho e um coração derretido pela vida. Bem houvesse se nós soubessemos nos derreter pelas coisas boas da vida. As nossas conversas eram longas reflexões. Divertidas, na varanda, ao pé da árvore que havia plantado quando menino. Fazia algum tempo do seu tempo de menino, mas o menino ainda vivia sorridente naquele sorriso bangelo e cheio de ternura. Me encantava a sua ternura, o jeito de falar da vida, do amor... Do seu amor. O amor dela, por ela, com ela. O nome dela não faltava embora faltasse sempre a sua presença. Não reclamava. Notava-se quase nada de tristeza nos olhos, a triste da saudade, que ele teimava em justificar com românticas lembranças de uma felicidade completa. E teimava em enganar com a malandrice de quem sempre fez da vida um palco, de verdades inventadas e muitas emoções.