domingo, 11 de outubro de 2009

Amigos, de Oscar Wilde

“Não escolho os meus amigos pela cor da pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila: tem que ter brilho questionador no olhar e tonalidade inquietante. A mim não interessa os bons de espírito nem os maus de hábito. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo; deles não quero resposta, quero meu avesso; que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso só sendo louco. Quero-os santos para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pela injustiça. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria: amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos ou chatos, quero-os metade infância, metade velhice. Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.”

2 comentários:

António Valério,sj disse...

Lindo! É mesmo, um olhar apagado, mesmo no meio de muita agitação exterior não traz muito à nossa Vida. Conheci muitas pessoas que na sua paz me transmitem uma vida muito intensa... obrigado pro fazeres pensar na luz do nosso olhar! beijinhos*

Thiago Kuerques disse...

Tem como negar ou discutir Wilde? E tem como discutir Wilde vindo de uma mulher como voce?
Te amo